Sobre paixão

Desde que me entendo por gente quero ser desenhista. Acho que a lembrança mais distante é de quando tinha uns 5 ou 6 anos, lia Turma da Mônica e meti na cabeça que seria igual ao Maurício de Sousa. Desenhista de mangá, cartoon ou ilustradora de livros, só sei que sempre quis isso...sei lá, eu simplesmente adoro lápis e aquela poeirinha colorida que sobra. Adoro ficar com os dedos coloridos por causa do giz pastel. Adoro a textura das tintas, da aguada aquarela ao encorpado e brilhante óleo. Adoro o brilho do nankin (menos quando sujo a roupa). Adoro a textura dos papéis e o cheiro deles.

Dizem que quem desenha tem letra bonita, e isso é a maior mentira que já ouvi na vida. Sei que não sou a melhor desenhista do mundo e tenho certeza absoluta que não sou a melhor calígrafa, escrevo e tudo sai feio e errado, as letras ficam quase ilegíveis.

Mas no desenho é diferente, os traços fluem tormando formas determinadas e com personalidade, mesmo quando são o que a maioria chamaria de 'feio'.
Penso que é assim: eles chegam, de mansinho, com toda sua vida através das texturas, cores e erros. Palpáveis. Te seduzem e depois te arrastam sem pudor para um outro mundo. É um mundo mágico onde tudo pode, tudo é permitido, todas as cores, todas as formas. E falam com você! Te chamam, te encaram, te desafiam. E você, enfeitiçado, fica ali só olhando, adimirando cada risco, sorvendo cada detalhe. Quando dá por si já tá apaixonado, envolvido, querendo isso pra vida toda.

Foi assim comigo, deve ter sido assim pra muita gente e ainda deve ser pra muitas outras.


O engraçado é que comecei querendo falar de outra coisa, mas acabei parando aqui. As palavras também tem esse poder de criar vida sozinhas né...

* Primeiro post filosofado mas esperem por muitas referências e críticas!